sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O MUNDO EM CAIXAS

iniciei a empiria do mestrado, estou mergulhada no cartório que é o arquivo da Delegacia da Infância e da Adolescência, meu objetivo é coletar todos os dados que contenham os relatos de violência ocorridas em escolas, pra isso abro caixas e desvelo um universo que vai nos contando sobre uma escola diversa da descrita nos Projetos Políticos pedagógicos, da propalada nos congressos pedagógicos e processos acadêmicos, vou encontrando uma escola próxima da sociedade menos ideal e mais real. Bem, mas ainda está tudo muito incipiente, vamos ver onde a pesquisa vai nos levar. O curioso é que quando chego em casa faço o processo inverso pego meus objetos, meus signos, meus símbolos, livros, quadros, textos, retratos e começo a por em caixas na tentativa de conseguir tornar o processo da mudança menos cansativo, vou fazendo cada dia um pouquinho, assim me vejo em grande parte do dia pensando o mundo na relação com as caixas ora as abrindo, ora as fechando.
Logo eu que tenho pavor da ordem cartesiana, da idéia de cada coisa na sua caixa, que nunca gostei de associação, clube, partido político, que debochei meses de uma colega de pós-gradução que me convidou pra ser anarquista e me pediu uma foto pra fazer carteirinha .
Agora sou especialista em caixas seja para encontrar coisas dentro delas ou para guardar, lacrar e etiquetar e sabe que o mundo cabe diretinho nelas...mas cá pra nós desconfio que algo chamado sentimento transborda e que sem sensibilidade não da pra ver que nem todas as caixas tem a mesma forma, a mesma cor, o mesmo cheiro, o mesmo tamanho e especialmente o mesmo conteúdo.

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